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terça-feira, 3 de junho de 2014

Saneamento básico ainda é motivo de morte no Brasil.






Apesar de ser a sétima economia do mundo, o Brasil ocupava a 112ª posição em um conjunto de 200 países no quesito saneamento básico, em 2011, segundo aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira, pelo Instituto Trata Brasil e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, durante o fórum Água: Gestão Estratégica no Setor Empresarial.

O objetivo do estudo foi apontar benefícios que poderiam ser obtidos com mais investimentos em saneamento básico, melhorando a qualidade de vida do brasileiro e elevando a economia do país.

De acordo com esse trabalho, o Índice de Desenvolvimento do Saneamento atingiu 0,581, indicador que está abaixo não só do apurado em países ricos da América do Norte e da Europa como também de algumas nações do Norte da África, do Oriente Médio e da América Latina em que a renda média é inferior ao da população brasileira. Entre eles estão o Equador (0,707); o Chile (0,686) e a Argentina (0,667). O índice é mensurado com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Na última década, o acesso de moradias à coleta de esgoto aumentou 4,1%, nível abaixo da média histórica (4,6%). Em 2010, 31,5 milhões de residências tinham coleta de esgoto. A região Norte foi a que apresentou a melhor evolução, apesar de ter as piores condições no país com 4,4 milhões de casas sem coleta. Somente o estado do Tocantins conseguiu ampliar o atendimento em quase 21%.

No Nordeste, um universo de 13,5 milhões não contavam com esses serviços e em mais de 6 milhões de lares não havia água tratada. O maior número de residências sem coleta foi registrado no estado da Bahia (3,3 milhões), seguido pelo Ceará (1,9 milhão).

No Sul, mais 6,4 milhões de residências também não contavam com os serviços de coleta e os estados com os maiores déficits foram: Rio Grande do Sul (2,8 milhões) e Santa Catarina (1,9 milhão). Já no Sudeste, com os melhores índices de cobertura, ainda existiam 8,2 milhões de moradias sem coleta.Segundo advertem os organizadores do estudo, "a situação do saneamento tem reflexos imediatos nos indicadores de saúde". Eles citam que, em 2011, a taxa de mortalidade infantil no Brasil chegou a 12,9 mortes por 1.000 nascidos vivos, superando às registradas em Cuba (4,3%), no Chile (7,8%) e na Costa Rica (8,6%).

Outro efeito direto da precariedade do saneamento, conforme destaca o estudo, refere-se à expectativa de vida da população (73,3 anos) em 2011, que ficou abaixo da média apurada na América Latina (74,4 anos). Na Argentina, a esperança de vida atingiu 75,8 anos e no Chile 79,3 anos.

O estudo destacou ainda que, se houvesse cobertura ampla do saneamento básico, as internações por infecções gastrintestinais que, segundo dados do Ministério da Saúde atingem 340 mil brasileiros, baixariam para 266 mil. Além da melhoria na qualidade da saúde isso representaria redução de custo, já que as internações levaram a um gasto de R$ 121 milhões, em 2013.

Pelos cálculos desse trabalho

, a universalização traria uma economia das despesas públicas em torno de R$ 27,3 milhões ao ano e mais da metade (52,3%) no Nordeste. Outros 27,2% no Norte e o restante diluído nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Conforme os dados, em 2013, 2.135 vítimas de infecções gastrintestinais perderam a vida - número que poderia cair 15,5%. A universalização do saneamento também diminuiria os afastamentos do trabalho ou da escola em 23% , o que poderia implicar em queda de R$ 258 milhões por ano. Em 2008, 15,8 milhões de pessoas ou 8,3% da população brasileira faltaram ao serviço ou às aulas por pelo menos um dia, sendo que 6,1% ou 969 mil por problemas causados por diarreias. Deste total, 304,8 mil eram trabalhadores e 707,4 mil frequentavam escolas ou creches.

Outro benefício apontado pelo estudo, seria a dinamização do turismo com a criação de quase 500 postos de trabalho e renda anual de R$ 7,2 bilhões em salários, além de incremento na formação do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma da riqueza gerada no país, da ordem de R$ 12 bilhões.


Fonte: Terra


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Aquecimento pode causar aumento de emissão de gases estufa em lagos



Em tempos de mudanças globais no clima, pesquisadores do mundo todo têm se concentrado em mapear, com a maior exatidão possível, as fontes de gases responsáveis pelo efeito estufa e os processos capazes de aprisionar esses gases. Pensando nisso, o ecólogo Humberto Marotta, professor no Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, comparou o que acontece com a matéria orgânica armazenada em lagos sujeitos a temperaturas muito diferentes. Os resultados, publicados em 11/5 no site da Nature Climate Change, contrariam as expectativas e indicam que as águas próximas ao equador podem aumentar mais as suas emissões em caso de aquecimento, em relação àquelas mais perto dos polos.

Enquanto Marotta coletava amostras de sedimento do fundo de lagos suecos, durante um pós-doutorado na Universidade de Uppsala, sua colega Luana Pinho, na época doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recolhia material semelhante na Amazônia. Com o sedimento armazenado em frascos, ela imediatamente embarcou para a Suécia, onde os dois pesquisadores começaram o experimento em conjunto com Alex Enrich Prast, professor de Ecologia da UFRJ e também coautor do estudo, e outros pesquisadores suecos. Eles distribuíram o material dos nove lagos tropicais e oito boreais em frascos submetidos a temperaturas diferentes, desde 4,3 graus Celsius (°C) até 40,5°C, por um período de incubação que variou entre 0 e 44 dias. Depois disso, eles estimaram a quantidade de gás carbônico (CO2) e metano (CH4) emitida por cada uma das amostras.

Embora a produção de matéria orgânica seja maior na região amazônica, esse material se decompõe rapidamente devido às condições de temperatura e umidade. “A comida estraga fora da geladeira porque é quente”, compara o pesquisador da UFF. Em contraste, nas regiões frias essa matéria orgânica permanece preservada no fundo das águas geladas. “Por isso, antes do artigo acreditávamos que com o aquecimento os lagos boreais liberariam mais gases”, conta Marotta. Mas não foi isso que os experimentos e as análises estatísticas mostraram. “Se constatou que o efeito da temperatura pode ser parecido nos lagos tropicais e boreais.”

Assim, considerando o cenário B1 do IPCC, que imagina uma situação em que as emissões de gases de efeito estufa aumentem até o meio do século e depois se reduzam graças a medidas de mitigação, Marotta e colegas calcularam que as emissões de lagos tropicais podem ser até três vezes maiores do que as de boreais. Mas, segundo ele, o efeito poderia ser ainda potencializado pela importância de outros ecossistemas aquáticos acumuladores de matéria orgânica além dos lagos nas regiões tropicais. “Somente na Amazônia, por exemplo, existem extensas áreas alagadas rasas como pântanos ou alagadiços que não consideramos no estudo”, diz. Se isso acontecer, pode agravar ainda mais o quadro que leva ao aquecimento do planeta.

Para a pergunta que imediatamente surge – por que os lagos tropicais teriam uma resposta até mesmo mais acentuada ao aumento de temperatura? – ainda não há resposta. “Estamos agora na fronteira do conhecimento”, diz Marotta. Entender melhor esses processos é o próximo objetivo dos pesquisadores envolvidos no estudo.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

Artigo científico
MAROTTA, H. et al. Greenhouse gas production in low-latitude lake sediments responds strongly to warming. Nature Climate Change, on-line 11 mai 2014.

Doenças causadas pela poluição atmosférica



Sem dúvida, a doença mais freqüente é a inflamação. Durante os episódios de poluição, quando a CETESB avisa que o ar está ruim, muitas pessoas sentem ardência nos olhos, nariz, garganta, traquéia e, por vezes, tossem. A inflamação nada mais é do que uma das formas com que os tecidos reagem perante irritantes químicos, físicos ou microrganismos. Nestas áreas do corpo haverá maior produção de lágrima ou muco e os tecidos ficam vermelhos. Trata-se de um incômodo maior ou menor, porém que depois de algumas horas cessa espontaneamente.

Não há muito que fazer: um colírio para lavar o olho e uma pastilha para a garganta trazem alívio embora não sejam realmente necessários. Estas manifestações são as conjuntivites (conjuntiva do olho), rinites (nariz), faringites, traqueites, bronquites e alveolites (alvéolos pulmonares). Enquanto, agudas e passageiras, as inflamações não são alterações preocupantes, entretanto, se crônicas transformam-se em doenças que podem complicar, como veremos a seguir.

OS POLUENTES que causam inflamação são muitos, os mais imortantes são : óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre, hidrocarbonetos, aldeídos, material particulado e oxidantes fotoquímicos (por exemplo, ozônio).

Se os problemas de saúde parassem por aí, seria muito bom. Entretanto, as sucessivas reações inflamatórias acabam provocando infecções. Os tecidos aguda e, sobretudo, crônicamente inflamados perdem suas capacidades de defesa contra os microrganismos que estão presentes no próprio organismo e no ar que respiramos. O equilíbrio entre o organismo e estes agentes é mantido por meio de engenhosos sistemas de proteção que garantem a saúde, porém, quando minados por inflamações crônicas, os microrganismos instalam-se nos tecidos, proliferam e causam uma infecção. Assim, as faringites, rinites e bronquites, por exemplo, ficam inflamações infectadas. A mais temível das infecções é a pneumonia, quando as bactérias atacam os pulmões, que é uma doença grave que necessita de socorro médico. Em crianças e idosos, as pneumonias podem levar a morte.

A poluição atmosférica das cidades causa câncer? Certamente, alguns poluentes são cancerígenos, principalmente os hidrocarbonetos policíclico aromáticos. A concentração desta substância ou de qualquer outro poluente no ar de São Paulo não é suficiente para causar câncer por si só. Contudo, junto com outros cancerígenos, o cigarro por exemplo, aumentam a incidência do câncer pulmonar que, geralmente, não tem cura. O problema da incidência de neoplasias (câncer) induzidas pela poluição atmosférica de São Paulo precisa ser vigiado porque, repetimos, existem vários poluentes cancerígenos.

É preciso entender a ação do monóxido de carbono (CO), que muitas vezes é o responsável pela má qualidade do ar. Essencialmente, trata-se de uma substância que prejudica a oxigenação dos tecidos e, por isso, é classificado como um asfixiante sistêmico. A substância que carrega oxigênio aos tecidos é a hemoglobina que está dentro dos glóbulos vermelhos do sangue (também chamados de hemácias ou eritrócitos). Ao nível dos capilares pulmonares, a hemoglobina recebe oxigênio do ar que está nos alvéolos e, depois, continua pelos vasos sangüíneos para levar este elemento vital a todos os tecidos. Lá ele troca o oxigênio por dióxido de carbono que transporta até aos pulmões para liberá-lo no ar alveolar e carregar-se, novamente, com oxigênio.


O perigo do CO reside no fato de que impede a oxigenação dos tecidos, que é um fenômeno biológico complexo e suas manifestações clínicas são complicadas. Todos os órgãos necessitam de oxigênio, principalmente o sistema nervoso central. Portanto, casos graves de intoxicação por CO, que jamais ocorrem ao ar livre mas apenas em ambientes fechados (garagens, túneis longos e mal ventilados), provocam confusão mental, inconsciência, parada das funções cerebrais e morte. No caso das poluições atmosféricas de São Paulo, a inalação crônica de CO não é perceptível. No entanto, sabe-se que pode agravar ateroscleroses, principalmente do coração, sobretudo em fumantes.

É importante saber que nas intoxicações agudas ou crônicas, se a vítima não mais respirar CO, após vários dias restabelece-se o ciclo normal da oxigenação celular. A absoluta maioria dos pacientes tem recuperação completa e sem seqüelas, se definitivamente afastados da poluição por CO.

Fonte: Saúde Total

O impacto no meio ambiente e a gestão de frotas corporativas de carros no Brasil

Uma frota nova de aproximadamente 1,4 milhão de carros deve trazer um impacto de dióxido de carbono de cerca de 16,3 milhões de toneladas



Por Roberto Bottura

Ao final de 2013, durante o 19º Salão Internacional do Transporte, as montadoras demonstraram preocupação em oferecer aos clientes veículos com economia de combustível e preservação do meio ambiente, como os carros híbridos e elétricos. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, um veículo produz, em média, 11,7 toneladas de dióxido de carbono por ano. E, se confirmadas as expectativas, teremos uma frota corporativa de aproximadamente 1,4 milhão de carros novos nas ruas em um ano, resultando em 16,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono.

O movimento de redução das emissões não deve vir apenas das montadoras, mas também do governo, incentivando medidas como a regulamentação de desmanches e incentivos à troca de veículos acima de 10 anos de uso. A idade média da frota brasileira é de 11 anos e gera muito mais emissão que as novas.

No Brasil faltam iniciativas e planejamentos para lidar com o crescente volume de resíduos poluentes para evitar um possível caos na mobilidade urbana e no meio ambiente

O Estado de São Paulo, por exemplo, deu o pontapé na regulamentação de desmanches de carro. A partir do próximo ano, as empresas do segmento deverão se credenciar anualmente no Detran (Departamento de Trânsito), cumprindo exigências legais, como o registro de todos os veículos desmontados e suas peças, alvará municipal e relação de empregados.

A nova lei ainda prevê também a adoção de um sistema que permite rastrear todas as etapas do processo de desmontagem, desde a origem das partes e peças, incluindo a movimentação do estoque, até a sua saída.

Essa medida do governo Paulista deve ser complementada por outras a nível Federal para reciclagem total dos veículos, como acontece na maioria dos países desenvolvidos, como na Comunidade Europeia, Japão e até mesmo na Argentina.

A partir daí, a conta é simples: Renovando as frotas mais rapidamente, retiramos os veículos mais polidores de circulação, melhoramos as vendas dos veículos 0 Km e seminovos e reduzimos drasticamente as emissões de CO² com veículos mais modernos, com reflexos ainda na segurança e no transito das grandes cidades.



* Roberto Bottura é sócio-fundador e diretor comercial da Control Motors, primeira empresa brasileira especializada em mobilização e desmobilização de frotas corporativas.


Fonte: Envolverde

terça-feira, 13 de maio de 2014

Argentinos guardam flatulência do gado para gerar energia


O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA) desenvolveu uma solução, no mínimo, inusitada para captar os gases emitidos pela flatulência do gado. Trata-se de uma bolsa acoplada ao lombo do animal em que o gás metano é armazenado para uso posterior.

De acordo com o INTA, seria possível utilizar este material para fabricar biocombustível capaz de gerar energia, calor e até mesmo substituir os combustíveis fósseis nos automóveis. “Como os bovinos liberam gases de efeito estufa, propusemos uma forma econômica e prática de sequestrar essas emissões e utilizá-las como substituto energético”, declara Guillermo Berra, coordenador do grupo de Fisiologia Animal do INTA, em informativo oficial.




De acordo com um dos técnicos do projeto, Ricardo Bualo, o biometano purificado e comprimido pode ser utilizado para gerar muita energia. “Uma vaca emite, aproximadamente, 300 litros de metano por dia, que podem ser utilizados para colocar em funcionamento uma geladeira de cem litros, com temperatura entre dois e seis graus por um dia inteiro”, garante.

Berra explica que o organismo dos ruminantes funciona da mesma forma que um biodigestor. No entanto, a vantagem do gado é percebida nos períodos mais frios do ano, quando é necessário gastar energia para aquecer o biodigestor, enquanto os animais têm seu metabolismo sempre mantido naturalmente em 38,5ºC.

“A quantidade de gás produzida varia de acordo com o alimento ingerido e o tamanho do animal: uma vaca adulta emite cerca de 1.200 litros de gás ao dia, dos quais, entre 250 e 300 são metano”, esclarece o coordenador.

Diante da enorme quantidade de críticas que a iniciativa tem recebido, o especialista garante que o animal não sofre maus tratos durante o processo. Segundo ele, o cano usado para transportar o gás é inserido em uma fístula de dois milímetros e o gado recebe uma anestesia local para não sentir dor.

Fonte: Ciclo Vivo

Nasa mostra que geleiras derretem em ritmo imparável e irreversível


Um novo estudo realizado por pesquisadores da Nasa e da Universidade da Califórnia aponta para um degelo irreversível em geleiras da Antártida Ocidental. A pesquisa foi aceita para publicação na revista Geophysical Research Letters.

O material coletado durante 40 anos de observações foi usado como base para o estudo. As evidências mostram que grandes áreas congeladas localizadas no Mar de Amundsen já chegaram a uma situação irreversível, de acordo com Eric Rignot, glaciologista e principal autor do estudo.

O derretimento dessas geleiras já contribui significativamente para a elevação do nível do mar, liberando quase tanto gelo quanto toda a camada glacial da Groenlândia. Os pesquisadores acreditam que esse degelo seja suficiente para elevar o nível global do mar em 1,2 metro em uma velocidade muito mais rápida do que a prevista anteriormente.

A principal justificativa para esse derretimento é o aumento nas temperaturas globais. “O colapso na área da Antártica Ocidental parece ser imparável. O fato de que o recuo está acontecendo, simultaneamente, ao longo de um grande setor sugere que ele foi provocado por uma causa comum, como o aumento na quantidade de calor do oceano sob as camadas de gelo flutuantes. Neste ponto, o fim desta área glacial parece ser inevitável”, declara Rignot.

A Nasa garante que continuará a monitorar a região por satélites e, ainda neste ano, serão utilizados aviões de pesquisa e um conjunto sofisticado de instrumentos científicos.

Redação: CicloVivo

Vírus da raiva é encontrado em macaco-prego



Um primata bem conhecido, adotado inclusive como animal de estimação em muitas regiões do Brasil, o macaco-prego pode estar entre os responsáveis pela transmissão do vírus da raiva. É o que sugere um estudo publicado na revista Virus Research. Nele, um grupo de pesquisadores brasileiros e japoneses relata ter identificado uma possível nova variante do vírus em um macaco-prego no município de Marcelândia, no estado de Mato Grosso. Esta é a primeira vez que o vírus da raiva é detectado nesse primata. Até então, os pesquisadores haviam identificado uma variante do vírus circulando em saguis (Callitrix jacchus), que passaram, a partir daí, a ser considerados um reservatório natural da doença. Entre os anos de 1991 e 1998, os saguis-de-tufo-branco (Callitrix jacchus jacchus) causaram oito mortes de seres humanos no Ceará.

O aparecimento de casos de raiva transmitida por esses macacos revela certas particularidades do perfil epidemiológico de uma doença bastante difícil de se controlar. Por ter o RNA como material genético, e não o DNA, o vírus da raiva é muito suscetível a mutações. Assim surgem as novas variantes, que continuam a circular por meio de animais silvestres, sobretudo morcegos. A variante encontrada no macaco-prego — identificada como BRmk1358 — é resultado de mais uma dessas mutações.

A suspeita dos pesquisadores de que o animal poderia estar infectado surgiu quando empregados da fazenda onde ele foi abatido disseram que o macaco tinha mordido um cavalo, um comportamento agressivo muitas vezes causado pela doença. Durante o período de incubação, o vírus se multiplica nas fibras musculares locais, atingindo em seguida as células nervosas e os nervos periféricos, até chegar ao cérebro. A essa altura, a febre aumenta e o animal torna-se agressivo.

Os pesquisadores colheram amostras do cérebro do animal e as encaminharam para análise em laboratório, onde confirmaram que ele estava infectado. Em seguida, o material genético da amostra foi sequenciado e comparado com o de vírus encontrados em saguis e outros animais das Américas, cujas sequências estão em um banco de dados público.

O grupo verificou que a variante representava uma linhagem distinta da encontrada em saguis, mas com características genéticas semelhantes às encontradas em morcegos, provavelmente a fonte da infecção. “Isso nos permite sugerir que o vírus pode ter sido transmitido ao macaco-prego por um morcego, indicando que o ciclo de transmissão é diferente daquele dos saguis, que pode ocorrer sem a participação de morcegos”, explica a médica veterinária Adolorata Aparecida Bianco Carvalho, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Jaboticabal, e uma das autoras do artigo. Os morcegos são considerados uns dos principais reservatórios silvestres do vírus da raiva no Brasil. “Como o macaco-prego, além de frutas, folhas de plantas e invertebrados, também se alimenta de pequenos vertebrados, é possível que ele tenha sido exposto ao contato com algum morcego infectado”, diz a pesquisadora.

Apesar de até hoje não haver registros de transmissão de raiva para humanos por macacos-prego, a médica veterinária alerta para os riscos do contato com esse animal e destaca a importância da vacinação em caso de mordidas de macacos e outros animais silvestres. “Nosso estudo mostrou que o macaco-prego pode ser um potencial transmissor de raiva para o ser humano”, diz. “Existem casos de contato acidental entre as duas espécies, sem regis
tros de transmissão do vírus. De qualquer forma, é importante identificar o ciclo infecioso da raiva em macacos para o controle da doença.” Como apenas uma amostra foi analisada no estudo, ainda não é possível saber se a descoberta se aplica a todos os macacos-prego. Pela localização geográfica, o animal encontrado em Marcelândia provavelmente era da espécie Sapajus libidinosus, conforme alterações recentes na classificação.

Pesquisas sobre a raiva em animais silvestres têm se tornado cada vez mais necessárias. Enquanto a variante do vírus que circula entre cães — por muito tempo a grande responsável pela raiva humana — está erradicada em muitos países e controlada na maioria dos estados brasileiros, a relacionada aos morcegos e outros animais silvestres continua circulando, principalmente em ambientes rurais. “O ciclo silvestre da raiva, que mantém o vírus na natureza, é o grande problema”, conta Adolorata. “Países como Estados Unidos e Canadá estão investindo milhões em pesquisas e na vacinação de animais silvestres. No Brasil, os estudos estão no início. Mas acredito que estamos longe de poder destinar recursos suficientes para o controle do vírus em animais silvestres, já que o controle da raiva canina ainda demanda grandes investimentos em alguns estados.”

O estudo é fruto de um convênio entre a Faculdade de Medicina Veterinária da USP e a Universidade Nihon, no Japão, voltado ao desenvolvimento de um projeto de caracterização genética de amostras de vírus da raiva isoladas no Brasil.

Fonte: Revista FAPESP

Artigo científico
KOBAYASHI, Y. et al. Isolation of a phylogenetically distinct rabies virus from a tufted capuchin monkey (Cebus apella) in Brazil. Virus Research. v. 178, n. 2, p. 535-38. dez 2013.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ceará vai produzir gás a partir de lixo coletado em aterros sanitários


O Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) aprovou, no dia 10 de abril, o projeto que estimula a produção de biogás gerado dentro dos aterros sanitários e usinas de tratamento. O Gás Natural Renovável (GNR), também pode ser chamado de biometano, é produzido em estações de tratamento e aterros sanitários.

O processo acontece da seguinte forma: o lixo orgânico depositado nos aterros sanitários, quando em decomposição, libera gás na atmosfera. Esse gás vai ser capturado pelas empresas de tratamento que vão ser montadas dentro dos aterros. A partir disso esse gás passa a ser desintoxicado, gerando o gás natural renovável.

O Ceará é o primeiro estado do Nordeste a produzir o gás natural e o projeto pretende incentivar a utilização de fontes alternativas de energia. Segundo a assessoria de comunicação do Conpam, já existe um estudo que garante a viabilidade de captura do gás metano existente nos aterros de Caucaia, Maracanaú e Eusébio.

Segundo a assessoria do Conpam, algumas empresas já pretendem vir ao Ceará para ver a viabilidade de montagem nos aterros e a expectativa é que o gás comece a ser produzido ainda esse ano. Os benefícios do novo gás são que, além de ser totalmente limpo, ele é reutilizado, diminuindo os níveis gasosos na atmosfera. O valor ainda não foi estipulado.

A assessoria também revelou que o órgão vai incentivar empresas a usar esse gás renovável. “Vamos criar a certificação Produção Limpa que será concedida às empresas que fizeram uso do GNR produzido no Ceará a partir do Biogás.”


28 de Abril é Dia da Caatinga!

          A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país. A biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. 

Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio e a conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado desmatamento que chega a 46% da área do bioma, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o governo busca concretizar uma agenda de criação de mais unidades de conservação federais e estaduais no bioma, além de promover alternativas para o uso sustentável da sua biodiversidade.

E aqui 10 imagens dessa vegetação maravilhosa. Preserve a Caatinga!


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Documentário do Discovery Channel sobre o Dragão de Komodo



Um pouco sobre fungos

(fonte: tumblr.com)

O reino Fungi possui uma vasta classificação de organismos denominados fungos, este reino com o passar do tempo veio sofrendo várias modificações, especialmente na forma de comparar cada característica bioquímica através de seus ribossomos e DNA.

Os fungos podem nascer em qualquer ambiente do planeta e se incluem na classe dos decompositores e parasitas, além daqueles que servem como alimento:


Fungos Parasitas: Essa classe de fungos podem contaminar os humanos, animais, e plantas, alguns desses parasitas podem levar a óbito se não for tratado com o medicamento correto.

Fungos decompositores: Os fungos são os principais decompositores da natureza, eles conseguem quebrar qualquer produto orgânico transformando em carbono nitrogênio e outros elementos para a composição do solo e do ar.
Fungos Comestíveis: Os principais fungos comestíveis são o Shiitake, Porto Bello, Champignon, todos em forma de cogumelo.

A estrutura dos fungos é representada por um corpo vegetativo chamado de talo com filamentos unicelulares que são chamados de hifas, as hifas formas as redes microscopias que se juntam com os substratos chamados de micélio que seria por onde esses fungos se alimenta.

A reprodução dos fungos é sexuada os fungos aquáticos fazem a produção de gametas flagelados que se fundem gerando os zigotos produzindo novos fungos, já os fungos terrestres utilizam a produção de esporos por meiose, gerando as hifas haploides se difundindo em hifas diploides onde o ciclo volta para produção de novas meioses.

Fonte: Portal Educação

quinta-feira, 10 de abril de 2014


Mudanças climáticas devem reduzir espécies de anfíbios da Mata Atlântica










Por Elton Alisson



O número de espécies e o tamanho das populações de anfíbios existentes da Mata Atlântica devem diminuir sensivelmente em razão das mudanças climáticas previstas para ocorrer no bioma nas próximas décadas.

As estimativas são de um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás (UFG), publicado na edição de fevereiro da revista Biodiversity and Conservation.

Alguns dos resultados da pesquisa foram apresentados durante o “Workshop Dimensions US-BIOTA São Paulo – A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspot”, realizado na segunda-feira (10/02), na FAPESP, no âmbito do projeto de pesquisa “Dimensions US-BIOTA São Paulo: integrando disciplinas para a predição da biodiversidade da Floresta Atlântica no Brasil".

O projeto reúne cientistas do Brasil, dos Estados Unidos e da Austrália e é realizado no âmbito de um acordo de cooperação científica entre o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP) e o programa Dimensions of Biodiversity, da agência federal norte-americana de fomento à pesquisa National Science Foundation (NSF).

“As projeções que realizamos indicam que, em razão das mudanças nas condições climáticas que devem ocorrer na Mata Atlântica nas próximas décadas, a maioria das unidades de conservação do bioma perderá e poucas ganharão espécies de anfíbios”, disse Rafael Loyola, coordenador do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG e um dos autores do estudo.

“Aparentemente, esse padrão também deverá prevalecer para outros organismos, como mamíferos, aves, mariposas e plantas”, apontou o pesquisador durante a palestra proferida no evento.

De acordo com Loyola, há 431 espécies de anfíbios na Mata Atlântica – bioma que detém 18% de todas as espécies desses animais na América do Sul. Por meio de seis diferentes modelos de distribuição, pelos quais se associa a presença de uma determinada espécie a um conjunto de variáveis ambientais, tais como a média anual de temperatura e de precipitação, os pesquisadores estimaram como essas 431 espécies de anfíbios estão distribuídas hoje pelas unidades de conservação na Mata Atlântica.

Com base em quatro simulações climáticas distintas para a América do Sul até 2050, utilizadas no 4º Relatório de Avaliação (AR4) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores estimaram em quais áreas de proteção da Mata Atlântica essas espécies de anfíbios estarão localizadas, levando em conta o tamanho, a forma e a posição geográfica das reservas florestais e as habilidades de dispersão dos animais em raios de 50, 100 e 200 quilômetros ao longo de 30 anos.

As projeções indicaram que os locais climaticamente adequados para a sobrevivência de anfíbios na Mata Atlântica deverão diminuir até 2050. Por essa razão, até 12% das espécies de anfíbios, localizados principalmente nas porções norte e sudoeste do bioma, deverão entrar em extinção e 88% terão retração da população.

“Isso quer dizer que esses 12% de espécies de anfíbios sofrerão uma contração na população de tal ordem que desaparecerão do bioma”, disse Loyola. “Não são espécies que sairão da Mata Atlântica em direção ao Cerrado ou à Caatinga. Elas realmente podem desaparecer”, ressaltou.


Mudanças na estrutura filogenética

Em um outro estudo, publicado na edição de janeiro da revista Ecography, os pesquisadores avaliaram se as mudanças climáticas também podem alterar a relação evolutiva entre espécies de anfíbios que ocorrem em unidades de conservação da Mata Atlântica, a fim de verificar se esses animais responderiam a essas alterações como clados (grupos que partilham um ancestral comum exclusivo) ou como espécies isoladas.

Os resultados dos modelos indicaram que grupos mais antigos (basais) de espécies de anfíbios, como as cecílias ou cobras-cegas, do grupo Gymnophiona, e o sapo-aru, da família Pipidae, poderão ser afetados positivamente pelas mudanças climáticas e deverão ampliar suas distribuições geográficas pela Mata Atlântica.

Por outro lado, grupos mais recentes (derivados) de anfíbios, como as pererecas de vidro, da família Centrolenidae, e outras espécies de pererecas, deverão ser severamente impactados e sua distribuição geográfica pelo bioma poderá ser reduzida em até 90%.

“Em algumas áreas de proteção da Mata Atlântica a diversidade filogenética dos anfíbios poderá aumentar em razão da extinção de espécies muito recentes, o que fará com que espécies basais aumentem sua distribuição pelo bioma”, detalhou Loyola.

“Nesse caso, a diversidade filogenética aumentará por uma razão errada: a perda de espécies muito recentes”, apontou. Uma das espécies de anfíbio que deverá beneficiar-se das mudanças climáticas, de acordo com Loyola, é a rã-touro americana (Lithobates catesbeianus). Introduzida na América do Sul desde 1930, a espécie é considerada invasora no Brasil.

“Boa parte das unidades de conservação da Mata Atlântica vai tornar-se climaticamente mais adequada para essa espécie de anfíbio”, disse Loyola. “Precisamos estudar como será possível evitar ou controlar a invasão dessa espécie, para evitar desequilíbrios ecológicos no bioma”, avaliou.


Contribuição das projeções

Segundo Loyola, as projeções de mudanças na distribuição geográfica de espécies animais podem auxiliar no planejamento e na implementação de medidas de conservação do bioma.

Ao estimar para onde determinadas espécies de animais devem migrar por causa das mudanças climáticas, é possível traçar corredores de dispersão, compostos por áreas conectadas capazes de servir de refúgio para esses animais, exemplificou.

Além disso, as projeções também auxiliam na identificação de áreas no bioma onde podem ser estabelecidas novas unidades de conservação, de modo a diminuir os efeitos das mudanças climáticas sobre o número e a composição das espécies.

“Os modelos permitem gerar soluções de conservação que consideram quais são os locais mais adequados para serem protegidos na Mata Atlântica levando em conta que o clima vai mudar e que as espécies respondem de uma maneira previsível a essas mudanças climáticas”, afirmou.

No estudo publicado na Biodiversity and Conservation os pesquisadores identificaram que as poucas reservas da Mata Atlântica que ganharão espécies nas próximas décadas estão situadas em montanhas, com capacidade de manter um clima adequado para os anfíbios.

Com base nessa constatação, eles sugerem que as novas unidades de conservação sejam estabelecidas em regiões de grande altitude do bioma e sejam criados corredores de dispersão para esses locais. Com isso, esperam atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre os anfíbios, mais suscetíveis às alterações no clima por sua dependência de microambientes, regimes hidrológicos e capacidade limitada de dispersão.

“É possível contornar perfeitamente esse quadro alarmante, caso as soluções que os cientistas vêm oferecendo sejam discutidas e implementadas por tomadores de decisão e legisladores; isso é uma ótima notícia para a comunidade em geral”, afirmou Loyola.



Fonte: Agência FAPESP